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jQuery: a história da biblioteca JS mais usada da última década

  • 19 jan 2022
  • Thomás Targino
  • 5 min

Na segunda metade dos anos 2000, o Facebook abria as portas para o mundo e, no Brasil, o Orkut e suas comunidades criativas estavam entre os principais meios de comunicação na internet — ao lado do MSN, Fotolog e Flogão (quem lembra).

A web ainda caminhava em direção ao que temos acesso hoje em dia, novas tecnologias de desenvolvimento surgiram e a demanda por soluções se tornou cada vez mais necessária. O desenvolvimento web era feito por quem era, de fato, apaixonado pela programação e as coisas aconteciam por meio de erros e acertos.

Naquela época muita coisa foi ao ar de forma totalmente experimental e inovadora.

É nesse cenário de experimentações que surge o jQuery, em 2006 — mesmo ano em que o Facebook foi colocado ao mundo — criação de John Resig, um jovem programador, na época com seus 22 anos, graduando do Instituto de Tecnologia de Rochester.

“Programar deve ser algo divertido”

John Resig anunciou o jQuery pela primeira vez em 16 de janeiro de 2006, em uma palestra feita em um BarCamp local, para um pequeno grupo de desenvolvedores de Nova Iorque. A principal proposta de sua nova biblioteca de códigos era básica: mudar a maneira em que escrevemos JavaScript — de preferência para algo mais divertido, prático, atraente e, consequentemente, mais produtivo.

O primeiro registro que temos, na verdade, foi feito em 2005, em seu blog pessoal, quando o jQuery era sequer um projeto. Descontente com o formato do behaviour.js — biblioteca JavaScript utilizada nos anos 2000 — começou a mexer em alguns aspectos do layout que achava “tedioso, feio e assustador para programadores casuais”. No ano seguinte apresentou o jQuerry completo em Nova Iorque e “derrubou” o uso do Behaviour, apesar de usar a mesma base de funções.*

Em uma entrevista para o canal Khan Academy Computing, Resig comenta que o jQuery surgiu pela vontade de “ter certas ferramentas e utilidades para tornar meu desenvolvimento mais fácil, e parte disso era trabalhar sobre as incompatibilidades que existiam entre os browsers da época”.

E, de fato, este era um dos problemas da programação web no início. Não era muito prático programar simultaneamente entre os navegadores disponíveis na internet, entre eles o Explorer e o Firefox.

Além disso, o fato de que a maioria das bibliotecas de códigos da época não eram nada práticas e informativas, era um sofrimento, um grande perrengue programar em JavaScript pela falta de ferramentas facilitadoras.

Somando essa série de frustrações com o conhecimento de Resig em programação, a solução encontrada foi a criação de uma biblioteca completa e acessível — um arquivo open source de 10 kB chamado de jQuery. Hoje a biblioteca é mantida pela Fundação Query, com ajuda e participação de centenas de voluntários.

Perspectivas e novas tecnologias

Por se tratar de uma tecnologia relativamente antiga, com mais de dez anos, a discussão se o jQuery vai morrer ou não foi, inclusive, tema do nosso segundo Faladev, com Diego Fernandes.

Como a própria história do jQuery já mostrou, é natural que a chegada de novas tecnologias tire o pódio de outras mais velhas. No entanto, nesse universo da programação, o que importa é a maneira como soluções são desenvolvidas e de que forma todos podem ser beneficiados por isso.

As demandas de dez anos atrás são completamente diferentes das de hoje, basta ver a quantidade de pessoas com acesso à internet em 2019 e comparar com 2006. Novas tecnologias surgem para agilizar o processo de desenvolvimento e permitir maior fluxo de acesso e criação na web.

Saber um pouco sobre o jQuery, de onde surgiu e o quão fundamental é a sua base para as novas tecnologias JavaScript pode ser um diferencial nos estudos e na carreira. No entanto, vale ressaltar que não existe consenso entre profissionais da programação para saber se vale a pena investir tempo e dinheiro no jQuery.

Em uma rápida pesquisa no Google sobre o uso do jQuery na web, você vai encontrar diversas opiniões contrárias e divergentes sobre o assunto. A discussão em cima da “morte” do jQuery está praticamente se tornando roteiro de cinema.

Alguns blogs e canais de programação falam que a tecnologia é defasada, outros são até mais catastróficos e falam que a tecnologia morreu de fato. Porém,também existem muitos que acreditam que ainda vale a pena continuar investindo na biblioteca, argumentando que o seu grande uso na esfera da internet ainda é bastante expressivo para decretar óbito.

Porém, é fato que novas ferramentas (frameworks) JS estão sendo mais utilizadas no Brasil e lá fora. Segundo o Hackerrank 2019, as frameworks mais usadas nos últimos anos foram AngularJS, Spring e React. Sendo o React — criado pelo Facebook por volta de 2013 — uma das tecnologias mais exigidas no mercado e de maior interesse de aprendizado por parte dos programadores.

O Stack Overflow Survey de 2018 também mostrou que Node, Angular e React foram as três tecnologias mais citadas naquele ano entre profissionais de programação em todo o mundo.

Saber desenvolvê-las é um diferencial na carreira de muitos que estão entrando na programação agora, ou até mesmo para quem está renovando o conhecimento para novas oportunidades de trabalho.

Visões inovadoras do código livre e do open source no desenvolvimento da internet

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